Monday, January 24, 2011

Começou a caminhar na direcção
do nada, o nada ficava sempre a direito
e por isso não havia que enganar.
Enquanto caminhava ia contando
a si próprio histórias como se tivessem
acontecido.Sabia que não tinham
acontecido porque nelas os nomes
eram falsos e as personagens difusas.
Mesmo que tivessem acontecido,
de que serviriam agora, ao caminhar
na direcção do nada? Já nem sente
os passos, é como se levitasse
e seguisse uma linha de luz, a total
ausência de Deus, os braços caídos,
movimentando-se só um pouco
na silhueta do corpo vestido.
Em termos sonoros, o fundo
era de uma confusão de frases, havia
dois blocos, o das frases que procuravam
apaziguamentos e o das frases
que desatavam a gritar como se
uma irracionalidade as possuísse.
Agora pára, de repente pára, nós
nunca saberemos se viu no fim
da linha a morte ou se
sentiu um hipotético recomeço.

Helder Moura Pereira
in "Se as coisas não fossem o que são" Assírio & Alvim

Wednesday, January 19, 2011

Sempre se procurou viver de forma simples o que se sabia ser complicado. Nessa simplicidade, dizer sim seria o oposto de não. Hoje, ironia das ironias, diz-se não quando tanto se deseja dizer sim.