Friday, September 30, 2005

Na impossibilidade de paz interior, revela-se, um interior em chamas. Espera-se arder até que as cinzas entrem no seu voo sem regresso. O excesso, sempre o excesso. O físico não acompanha a mente. A mente vai desgastando o físico. Os limites são para queimar. Há vida! Estão prontos?Não me parece.

Tuesday, September 27, 2005


No desespero, a beleza do momento, ilude a dor...

Sunday, September 25, 2005

A propósito dos recentes anúncios e silêncios sobre eventuais candidaturas à presidência da república, passa a ser pertinente perguntar:qual a motivação desta gente? Se há os que já tudo fizeram na politíca, desde coisas boas a asneiras monumentais, há os que não fazendo qualquer diferença parecem precisar de massagens ao ego. Há de tudo. Uns acenam com o dever cívico e o que vemos é que não precisamos de nada do que eles dizem. Têm as suas vidas académicas e são reconhecidos. O que querem mais? Se pensarmos nos candidatos autárquicos, sempre se entende que são várias as motivações. Tanto podem ter os seus minutos de fama em qualquer programa de tv, como podem aumentar a sua conta bancária( não interessa como). Podem nada fazer e tudo ganhar: poder, fama e dinheiro. Não há dinheiro para obras nas câmaras, mas prometem fazer muitas.Como? E já se pensou no que esta gente gasta nas campanhas? Estamos ou não em crise? Que tal alguma moderação? Vem à lembrança o "homem dos chouriços".A distribuição de chouriços pelos eleitores como marca.Porque não adoptam os outros o mesmo sistema. Escolham legumes, frutas ou tubérculos( não devemos esquecer as batatas). Identifiquem-se com um e assim os eleitores já sabem quem são.Teríamos: o srs. nabos, as sras. grelos, os srs. tomates, as sras. abóboras, os srs. batatas, as sras uvas e por aí fora. Davam a sua fruta, legumes ou tubérculos aos eleitores e não gastavam em canetas, sacos, etc. Ajudavam a economia familiar dos eleitores e facilitavam a tarefa da escolha.Cada eleitor escolhia o legume, fruta ou tubérculo que mais gostava.

Friday, September 23, 2005

No escuro destas conversas

Ninguém apagou as luzes.Foi mesmo um corte geral. Por momentos, no escuro, o silêncio quase se instalou. A música calou-se, nem os electrodomésticos se faziam ouvir. Desejava-se a conversa, mas essa, também tinha sido cortada.Deixamos de nos ouvir. As palavras, trocadas, já nada nos diziam. No escuro, destas conversas, o silêncio até era bem vindo.Perdeu-se a intimidade de dar ao outro a primazia de dizer a palavra que, sabia-se, daria prazer a qualquer um ouvir. Interrogamo-nos sobre a possibilidade de outra intimidade.No escuro, sem conversa, no encontro dos corpos, sem chama, íamos iludidos dizendo que sim.

Thursday, September 22, 2005

Oh Lord, won't you buy me a Mercedes Benz ?

Nos seus mercedes se passeiam, com gravatas da moda pavoneiam-se. Assumem-se como senhores e não como mais uma pessoa.Na sua passagem deixam a marca. Marca do seu sucesso que não se percebe a que se deve. Falam sem que alguma coisa de interesse e originalidade encante. Mas falam e mandam. Vivem no seu engano de poder e os seus mercedes abrem alas para o seu cortejo triunfante. O esquecimento permite que a palavra dada pouco signifique. Invertem os valores a seu belo prazer. Mas, devemos estar agradecidos porque, não fossem eles tão espertos e a nossa inteligência não seria aproveitada. E, assim, quase desejamos ter um mercedes. Tê-lo sem o poder. Dar a palavra e ela ser válida. Viver na, quase, certeza que o nosso "mercedes" não iria ser pior que o deles, mas muito diferente.
Oh Lord, won't you buy me a Mercedes Benz ?
My friends all drive Porsches, I must make amends.
Worked hard all my lifetime, no help from my friends,
So Lord, won't you buy me a Mercedes Benz ?

Oh Lord, won't you buy me a color TV ?
Dialing For Dollars is trying to find me.
I wait for delivery each day until three,
So oh Lord, won't you buy me a color TV ?

Oh Lord, won't you buy me a night on the town ?
I'm counting on you, Lord, please don't let me down.
Prove that you love me and buy the next round,
Oh Lord, won't you buy me a night on the town ?

Oh Lord, won't you buy me a Mercedes Benz ?
My friends all drive Porsches, I must make amends,
Worked hard all my lifetime, no help from my friends,
So oh Lord, won't you buy me a Mercedes Benz ?


Janis Joplin

Tuesday, September 20, 2005

Diz D.H.Lawrence do amor : de um processo fizemos um fim; o fim de todos os processos não é a sua continuação até ao infinito mas a sua efectivação[...] o processo deve tender para a sua conclusão, não para uma horrível intensificação, para uma extremidade onde o corpo e a alma acabam por perecer.
in La Vergc d' Aaron

Monday, September 19, 2005

Em audição contínua

Trojan Dub Masters Chapter one & two- Placed by Bill Laswell
Based on a true story- Fat Freddys Drop
Más Amor- Madrid de los Austrias
Torch songs for secret agents- Bullet
Somewhere else is here - The Funky Lowlives

Friday, September 16, 2005

E se os dias fossem sempre assim?

O olhar não estranhou o espaço. A chegada de caras conhecidas e a agitação ajudavam a conter a ansiedade.Tanta ânsia de começar, começar a aprender no primeiro dia de aulas.Os olhos denotavam a agitação interior.Tudo queriam ver. Se se cruzavam com os meus era só por instantes a interrogar quando começa. Por mais de uma vez o aceno do adeus. Era mais difícil para mim, ir e deixar. Na primeira fila, para nada escapar, os olhos brilhavam e neles se via tanta inocência para perder e tanta vida para viver...

Last night a dj saved my life...

Tinha-me sido entregue quase sem comentários.Um abanar de cabeça e...oiça!Fim de tarde a anunciar uma noite sem história.As histórias já tinham todas acontecido. Ao colocar o Cd no leitor algo, inexplicável, me leva a certificar se os graves do amplificador estavam aonde os queria- no máximo. A música, o som, que ocupou a sala, entrou por mim e alojou-se. A vibração daquele baixo tão conhecido não mais me largou. Senti a vida com garra. No seu interior o corpo vibrava sem parar. Pensava a qualquer momento rebentar de tanta energia. Tanta criatividade, tanto prazer-Bill Laswell- Trojan Dub Massive Chapter One&Two!
Afinal ainda haviam histórias para acontecer! A memória bateu à porta e sorrindo, até parecia ouvir uma voz em surdina: last night a dj saved my life ...and in just one breathe he said- you got get up, you got get up...!

Thursday, September 15, 2005

De volta às voltas de outros tempos. Volta-se porque se sente uma ausência e mesmo sabendo que ela permanecerá, o doce sabor da procura, empurra-nos para um nada que se deseja encontrar. Na verdade não se regressa. Chega-se a outro lugar noutro tempo.Os lugares que para trás ficam, eram de um tempo que se foi.Neles ficaram pessoas, situações, risos e tristezas. Corpos satisfeitos, movimentos adiados, verdades que nunca o foram e sonhos. Sonhos que morreram e com eles foi parte do que se tinha.E agora? Já não se acredita. Segue-se e as migalhas satisfazem.O encolher de ombros é a arma nesta luta pela migalha do sorriso inocente de quem pouco sabe, pelo afago sincero de quem consegue gostar, pela energia intensa no encontro dos corpos, pelo abraço que teima em fazer sonhar com algo parecido com a Vida.E sem respirar, com os olhos turvos de lágrimas, com o aperto de quem vai explodir, a disposição é ouvir quem de nós quer a palavra certa, intervir e transgredir, dar o que nos dá prazer, seguir os sentidos, continuar iludidos que isto pode ser melhor e tudo fazer para que seja.
Como alguém disse, a morte de um sonho não doi menos que outra morte qualquer.
Vale a pena acreditar que com a dor também se pode viver...com prazer.