Está claro que as feridas tardam em sarar. A dor diminui e passa a ser só o que, por baixo da pele, lateja por insistir no desejo. Até podia ser por resistir à desistência, mas afinal é pela inexistência de outra opção.

Nestes tempos há coisas irritantes. As facturas, para pagar, com cores, aprumadas, bonitinhas e a sempre presente publicidade são uma delas!

This is (not) America

Houve quem, por uma lógica compreensível a anunciar que pouco mudou, me deu os parabéns. Estranhando, questionei a razão.Afinal estava relacionado com umas eleições do outro lado do oceano que mal me lembro de ter abordado com quem me felicitava. O pouco entusiasmo deve ter sido desconcertante. A cabeça há muito viajava por outras realidades. Quantas senhoras teria de felicitar caso Hillary fosse eleita? O que me liga a Obama é ser contra Bush, Palin, MacCain e outros do genéro, pouco mais. Simbólico. Indiscutível tal facto. Já tinha experimentado o olhar de gente de gerações lutadoras e sonhadoras que dizia a medo: será desta? E foi. Só naquele lugar, que deu ao mundo Allen, Laurie Anderson, Luther King, Ella, Dylan, Warhol, Steinbeck, James Baldwin entre tantos outros, tal poderia acontecer. Esperança, parece o sentimento que a muitos mobilizou. Que esperança? Vou tentar não ser desmancha prazeres.