“O único conhecimento absoluto atingível pelo homem é o que a vida não tem sentido”Tolstoi

"Crystal Meth"

Intenso, arrebatador, lento, puro, rápido, contra a parede, enquanto houver, sexo quer-se mais!Se se quer intenso, a medida da intensidade relacionada com o tempo pode ser intensamente longo ou intensamente rápido, mas sempre intenso. Relativo. A relação tempo-intensidade no sexo é tão presente que levanta várias questões dignas de aprofundamento. A busca de artíficios no sentido de "prolongar" a intensidade e o tempo tem levado o corpo a adaptações e variações que o colocam em limites aonde se joga o tudo ou nada. Está na moda apesar de não ser nova e com resultados surpreendentes- "crystal meth". Dizem as notícias que o grau de alucinação, alienação e disponibiliddae sexual é superior a tudo que já foi usado. Mas é uma DROGA QUÍMICA.Proporciona horas de sexo como nunca.Mas ao fim de algum tempo pode conduzir à impotência. A dependência deixa os consumidores em estado de degradação física e psíquica em pouco tempo. Alguns dirão que é o preço a pagar. Vive rápido, morre jovem? O que é a intensidade no sexo? Na vida? Que relação há com o tempo, quantidade, qualidade? Estamos em reflexão, com sexo.

Vai aonde te leva o teu Carro...

Há Carros que deveriam ser presos!O comportamento que demonstram na estrada é de uma falta de civismo e respeito pelo próximo que nos levam a lamentar as pessoas que transportam. Se por um lado, porque dotados de grande potência, aceleram mais do que deviam por outro mostram a sua libido com aproximações intímas aos outros carros que por vezes acabam em relações com grande dor e mutilação. O acender de farois máximos para dar a entender que querem passar prolonga-se até quase ofuscar. As mudanças de direcção, sem aviso prévio, fazem lembrar as curvas próprias dos carros de choque de qualquer feira. Se chove e o piso está escorregadio, tanto melhor para a prática de "deslizar e travar", sempre sem redução de velocidade. A estes carros nunca se passa á frente. Se um acidente reduz o movimento do tráfego a uma só faixa livrem-se de pedir para mudar á frente destes carros. Coitados dos que vão dentro destes carros. Se fossem ser pensantes, poderiam com alguma sorte parar esta fúria. Mas infelizmente eles só entram no carro, ligam-no e depois o carro tem vida própria. Sim, porque não creio que um ser humano, da nossa humanidade, possa ter o comportamento destes Carros.

Entra-se num espaço ocupado por mentes de olhar vazio. Deseja-se sair e ir ocupar um espaço vazio em que o som da chuva seja a única companhia e a água arrefeça a mente. O medo de se encontrar o que não se queria, mas que seria possível encontrar, quase afastou os pés do caminho a percorrer.Poucos minutos passaram, os gritos ouvidos, as conversas sem nexo, o olhar que nada diz mas tanto esconde, ficam na memória.Só se quer rapidamente ver quem se procura. Os olhos encontrados não estão vazios. Um sorriso pretende aliviar quem chega.

- Estou bem. Desta vez passei-me.

Já antes nos haviamos passado. Sabemos do que falamos quando queremos que nos deixem em paz. Mas não sabemos o que é passarmo-nos, perder a vontade de ter paz e ir parar ao Miguel Bombarda. Dali só se quer sair.

O dia ficou tão cheio, de tristeza.Apeteceram os dias vazios.

Lágrimas possíveis

Larmes-Tears 1932
Man Ray

" É este o meu único consolo.Sei que as recaídas no desespero serão profundas e numerosas, mas a lembrança do milagre da libertação leva-me como uma asa a um fim que me inebria: um consolo que seja mais do que apenas isso, e mais vasto que uma filosofia: que seja, enfim, uma razão de viver."

Stig Dagerman in "A nossa necessidade de consolo é impossível de satisfazer"

Uso de fósforo em Fallujah, transporte ilegal e tortura de prisioneiros, um mar de sangue que não pára.Que mentiras vão arranjar mais?

"...não há nada que odeie mais que o fedor da mentira..." Kurtz( Apocalypse Now)

As calças parecem, a qualquer momento , poderem cair.Mas nunca caem.A cintura descaída deixa à espreita uma linha que aumenta com movimentos de baixar e levantar. É o suficiente para os olhos não mais largarem aquela linha. Tenta-se disfarçar, mas espera-se sempre ver mais.Ver um pouco mais de pele ou tecido.O umbigo olha-nos e parece ser o guardião. Alguns há que enfeitados com pedras parecem avisar- apetece tocar, mas não tentes! Se sentadas a cintura desce mais e aí, descobre-se, por vezes bela e sumida lingerie que pouco tapa e tudo quer desnudar deixando no corpo que olha a vontade de mais querer ver. Parece que se está a mostrar pouco para que se queira ver mais. Só é mostrado o que se quer. Há uma liberdade de esconder o essencial mostrando o que, sendo belo, não é a intimidade anunciada. Collants? Só estragam o efeito. Thongs parecem ser o toque de génio.

"O essencial é invisivel ao olhos" Saint Exupéry

Uns nascem escravos, outros tornam-se escravos, e a outros a escravidão é dada. O amor cobarde que todos temos à liberdade – que, se a tivessemos, estranhariamos, por nova, repudiando-a- é o verdadeiro sinal do peso da nossa escravidão.

Fernando Pessoa

Corpo enraivecido

Apetece rasgar.Rasgar com o olhar, com as mãos e os dentes. Desnudar e expôr. Se fôr a beleza que se mostra, tanto melhor. Deixar na pele as marcas da passagem, sentir no corpo o interior de outro corpo, prolongar o momento. Se ao rasgar só a falsidade se apresentar, a mentira fôr rainha, ainda assim que os sulcos sejam fundos e a dor permaneça. A fúria com que se olha e rasga, na procura dos corpos de acolhimento, é a dos felinos a quem nada é dado e tudo foi prometido conseguir.

"Paris já está a arder"

Recolher obrigatório! Movimentos limitados. Noites tranquilas. Tudo está resolvido. As botas fazem-se ouvir e os capacetes escondem os cérebros de quem ordena. As chamas escrevem nomes : desespero, incompreensão, integração, revolta, medo, etc. Paris, ainda, não está a arder! Paris vive sobre brasas. Não as apaguem e um dia tudo arde.

Os dias correm e o corpo, com dificuldade, acompanha a velocidade da alternância dos estados de espírito. A continuidade da vertigem assusta e excita.

“O Homem só está vivo nos seus momentos de extremo prazer ou de dor, e o resto são apenas entreactos entediantes do que está em cena, o resto não interessa"

"Felicidade"

Exigência miníma!? Sempre que se discute o que exigir, seja em que domínio fôr, há alguém que fala em exigência mínima- o mínimo exigível!Como se encara isso ao nível de ensino, aprendizagem, saúde ou relações pessoais é por vezes pouco animador. O nível mínimo exigido é muito baixo!Exige-se as contas pagas, um fim de semana romântico ( seja lá o que isso fôr) e coisas "práticas" asseguradas.Numa palavra quer-se segurança. Faz lembrar o tempo das nossas avós.Tudo se aguentava para manter o que já tinha acabado.Nada se acabava para não haver insegurança.Eram felizes à sua maneira.Nos dias de hoje seres supostamente independentes, informados, jovens, optarem por essa via entristece. Que sangue lhes corre nas veias, que não desperta desejos e movimentos mais intensos e apaixonados? Como se avança para uma relação em que tudo parece estar em lume brando? Já não se arde? Brinquem ás casinhas, ás escolas e aos papás. Oxalá sejam tão felizes como as nossas avós.Merecem.

Mais tempo...

Assistimos e colaboramos com uma inversão da natureza das coisas. Não temos tempo para o que nos dá mais prazer, vendemos o nosso tempo e não nos pagam com nada que se aproxime dos prazeres adiados e prometidos.Temos menos horas de cama, menos horas de mesa, menos horas de conversa edificante, menos minutos para a contemplação da beleza.Para quê? E o que será o tempo no meio disto tudo?Algo tem que mudar.Não estamos a cumprir como espécie.