Thursday, November 10, 2005

Corpo enraivecido

Apetece rasgar.Rasgar com o olhar, com as mãos e os dentes. Desnudar e expôr. Se fôr a beleza que se mostra, tanto melhor. Deixar na pele as marcas da passagem, sentir no corpo o interior de outro corpo, prolongar o momento. Se ao rasgar só a falsidade se apresentar, a mentira fôr rainha, ainda assim que os sulcos sejam fundos e a dor permaneça. A fúria com que se olha e rasga, na procura dos corpos de acolhimento, é a dos felinos a quem nada é dado e tudo foi prometido conseguir.

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