A agitação dos dias já pedia uma actividade, mesmo que lúdica, educativa e menos física. A espera no espaço amplo que se encurtou com a passagem a um espaço ocupado, em parte, por aparelhagem e instrumentos de astronomia, criava ansiedade. Anunciava-se uma viagem ao mundo dos céus, astros,etc. A sessão era aberta a todas as idades e a maioria dos presentes não apresentava mais do que sete, oito anos. Após a apresentação do que se seguiria e o apagar das luzes, nos minutos seguintes, a ansiedade deu lugar à decepção. A aparelhagem, anunciada, era de grande qualidade. O que se fazia com ela? Um céu estrelado, por vezes com imagens de desenhos de constelações , era a imagem mais animada durante largos minutos de explanação científica. Via láctea, velocidade da luz, elipses, nebulosa, diagonal eram, entre outras, palavras usadas e a exigirem conceitos que muitos adultos não terão. Estamos a falar do Planetário Calouste Gulbenkian. O movimento nas cadeiras, o falar durante a sessão, a cara de enfado das crianças no final e a resposta pronta a uma pergunta que não deveria ter sido feita-não gostei!Não se gosta porque não se percebe, não foi captada a atenção. Tanta aparelhagem para tão pouco uso. Será que não há gente competente para fazer melhor? A voz que falava sabia do que falava. Talvez não saiba falar para leigos na matéria.Este é um dos problemas de quem ensina. Como passar o que se sabe a quem não sabe. Que linguagem e estratégias usar perante determinado público. Resta-nos esperar, com a protecção dos astros, que algumas reclamações mudem algo. Até lá, "Céu de inverno, céu de verão" no planetário é desaconselhado.