"E enquanto me for possível empurrar as palavras contra a força do mundo, esse poder será tremendo, pois quem constrói prisões expressa-se sempre pior do que quem se bate pela liberdade. E no dia em que só o silêncio me restar como defesa, então será ilimitado, pois gume algum pode fender o silêncio vivo."

Stig Dagerman in "A nossa necessidade de consolo é impossível de satisfazer"

Há coisas que se percebe mal, não porque são difíceis mas, porque parecem ir contra aquela suposta justiça que nos vão vendendo ao longo do tempo. Israel, dizem as noticias, vê com bons olhos a existência de uma força de “interposição” entre o “seu território” e o Líbano. Mostra-nos a História que a sã vizinhança entre Israel e os outros estados ou “hipóteses” de estado é uma miragem. O estado Israelita, diz, precisa de se defender.Como? Por um lado há territórios ocupados para “sua defesa”, por outro lado já há um muro para “sua defesa, agora uma força de interposição, para “sua defesa”. Porque não uma força de interposição ao longo de toda a fronteira israelita incluindo o que se pretende ser o estado Palestiniano e assim tendo em conta as necessidades de defesa, ninguém se aproximaria de Israel ? Aos poucos Israel, em muitos casos, ajudado pela deficiente ou inexistente estratégia de luta dos seus oponentes, resistência dos seus vizinhos e pela hipocrisia do ocidente, vai criando todas as condições para que a sua existência dependa cada vez mais da inexistência ou limitação das condições de vida dos seus vizinhos.Até quando? Essa incógnita numa equação com tantas variáves vai alargando o mar de revolta, angústia, sofrimento e tristeza para toda uma gente que cada vez mais sente que só lhe resta uma opção- a que o desespero mandar.

As tardes já não servem para o que só a noite pode esconder. O desejo vindo daquele lado não é desejado mas ainda assim lá se põe a jeito, com esforço, e alguma humidade sobrevem para que tudo se passe rápido e sem deixar marcas.Claro que as marcas são profundas. Deseja-se não ser desejada. Os corpos não se encontram e nesse desencontro lá vão pedindo que se afastem, talvez, para sempre. Podia ter sido dito que não apetecia. Era muito simples, mas com alto grau de dificuldade. Há que dar a provar o sabor amargo do desdém, da indiferença. Ao voltar costas não por um desejo de maior penetração ou de estímulo interior, evita-se o sufoco dos lábios que procuram uma réstia de estímulo para que isto, como se diz,valha a pena. Quando se pára o confronto físico, sem que nada tenha acabado, de olhos postos no tecto a batalha do silêncio gela o ambiente que tanto se queria bem quente.Um movimento e a pele,tocada ao de leve, arde. Tudo é suportável excepto a necessária procura do semblante, de songamonga, que confirma que entre isto e a dormida é a segunda a mais desejada.

O número de vezes que em conversas se ouve a crítica, com razão de ser, à forma como a desorganização, falta de profissionalismo e desresponsabilização vai sendo norma em Portugal não tem fim. O que é espantoso é ver as mesmas consciências alterarem a sua posição quando lhes bate directamente na sua toca. Assim assistimos, independentemente da forma processual, a uma resistência e tomadas de posição contra a fiscalização das normas ambientais, contra o registo obrigatório de prestadores de cuidados de saúde na ERS ( Entidade Reguladora da Saúde) e por aí fora. Como foi referido, anteriormente, as coisas poderiam eventualmente ser feitas de outra forma, mas pelo menos há um esforço para as fazer, coisa que as críticas que mais se ouvem tanto pediam.Está mal tentar? Assim é difícil.Muito difícil sair deste lodaçal.

I can resist everything except temptation.
Oscar Wilde

Lamentavelmente e sem aviso a série, L word, que a 2 exibia tardiamente de segunda a sexta, desapareceu!? Os incautos que esperavam mais um episódio foram surpreendidos com a repetição de um dos episódios de Periplo(muito interessante)!Sem explicação porque: os telespectadores não a merecem ou porque não há coragem para explicar? A série não estava toda comprada? Estragou-se a meio? Ou será que há outras razões?Morais? Será também por isto.Gostava que não!

Marina Abramovic "Rhythm 10"

Alive and ready...

Como estás? Alive... and ready to die!Tudo começou como uma brincadeira e aos poucos foi-se tornando uma forma de estar na vida. Estranho é agora viver-se sem estar preparado para o fim sabendo que tal acontecerá, a qualquer momento, em qualquer parte. A estranheza advém da ausência de porta de saída, aquela, que sempre se poderia abrir. A mudança dificulta o reconhecimento do que está à volta. Tudo é diferente e estranha-se porque os olhos estão a ver de forma diferente. Momentaneamente perdeu-se a sensação de amparo, agora, substituida pela ansiedade de querer mais do que há por aqui. Agora está-se vivo e preparado para viver.Porém, se até os ossos quiserem comer, cá estaremos para ver no que isto vai dar.

Valha-nos a constituição...

"...isto não é uma fruteira onde se possam meter bananas, maçãs e laranjas e dizer que está tudo bem." Este e outros argumentos como: empreendimento desenhado para "pequena burguesia urbana" e não podemos fazer misturas explosivas, são apresentados no Público (06/06/30), por Maria José Nogueira Pinto, titular do pelouro da Habitação Social da Câmara de Lisboa, para explicar a proibição explícita de emigrantes se candidatarem ao empreendimento cooperativo no Casalinho da Ajuda que a sua proposta de regulamento continha. O espantoso é que para além da proposta apresentada, a autarca, faz mea culpa apenas porque alguém de bom senso fez saber que tal proposta era inconstitucional.Valha-nos a constituição. Para alguma coisa serve. Serve para que se saiba que, para aquela sra, a politica social de habitação é também uma politica de exclusão e como tal pode ser combatida.