Elsinore
Em Mecenas o sangue era exposto
E corria vermelho como num grande talho
Sujando as mãos dos assassinos
E a água da banheira.
Lá fora o rio e a luz
Continuavam limpos e transparentes
O crime era um corpo estranho circunscrito
Não pertencia à natureza das coisas.
Em Elsinore ao contrário o mal era um veneno subtil
Invadia o ar e a luz penetrava
Os ouvidos as narinas o próprio pensamento
O amor era impossível e ninguém podia
Libertar-se:
O inferno vomitava sua pestilência, invadia
As veias e os rios
No entanto o mal não se via era apenas
Um leve sabor a podre que fazia parte
Da natureza das coisas
Sophia de Mello Breyner
Em Mecenas o sangue era exposto
E corria vermelho como num grande talho
Sujando as mãos dos assassinos
E a água da banheira.
Lá fora o rio e a luz
Continuavam limpos e transparentes
O crime era um corpo estranho circunscrito
Não pertencia à natureza das coisas.
Em Elsinore ao contrário o mal era um veneno subtil
Invadia o ar e a luz penetrava
Os ouvidos as narinas o próprio pensamento
O amor era impossível e ninguém podia
Libertar-se:
O inferno vomitava sua pestilência, invadia
As veias e os rios
No entanto o mal não se via era apenas
Um leve sabor a podre que fazia parte
Da natureza das coisas
Sophia de Mello Breyner
1 Comments:
Brilhante!A pestilência invade-nos e fomos avisados.
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