Tuesday, June 28, 2005


Enquanto se navega pelos canais, o olhar procura no infinito algo sem nome. Flutua-se para não se ter os pés na terra...

1 Comments:

Anonymous Anonymous said...

Onde morrem os pássaros? Onde morrem,
que os não vejo morrerem na proporção
em que nascem? São milhares, e no jardim
defronte da minha casa nem sequer há
muita vegetação. Onde morrem os pássaros?

Vieste no meio de um arbusto, ó esfinge, ó
estátua, tens um coração no meio
dessa pedra toda? Então entrega-te
a este coração, ele vem de longe, de muito
longe, de tão longe que se esqueceu
do seu nome, bate depressa e devagar
como um vulgar coração, apressa-se
e anda lento, respira fundo e por vezes vai
por ali fora como um cavalo com o freio
nos dentes, dele não se poderá ter pena.

Mas a importante questão dos pássaros,
cada vez mais persistente por causa
de mais um copo de vinho, põe-nos a olhar
para o céu, para as nuvens que vão
passando, na tentativa de ver cemitérios
aéreos. Onde morrem os pássaros?

Será que a terra os come, a água os leva?
Ah, não, desfazem-se no ar, ou são levados
pelas nuvens, as suas penas dão a cor
da chuva, tudo morre num pássaro
menos as asas, e aí vão elas, puxando
as nuvens pelos ares. Pássaros eternos,
voam para o céu nos meus olhos de miragem?

Tu és real, estás aqui e tens ossos, pálpebras
e fogo próprio, tu és a fonte metafórica
da existência, o deus, a deusa, a doença
incurável, o mal da alma, tu representas tudo.
A palavra amor já me arranha a garganta
e se junta com a palavra adeus então
sai um som que não se põe em música.

1:32 PM  

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