Sunday, February 19, 2006

Na superfície, a metamorfose da embriaguez

" Que há dentro deste ser, que não tem limites? Que há dentro deste ser de real e verdadeiro? cada um assume proporções temerosas.Caem lá dentro palavras, sentimentos, sonho - é um poço sem fundo, que vai até à raiz da vida.À superfície todos nós nos conhecemos.Depois há outra camada, outra depois. Depois um bafo. Ninguém se conhece a si próprio quanto mais aos outros, e só à superfície ou lá para muito fundo é que nos tocamos todos como as árvores de uma floresta- no céu e no interior da terra. De mais baixo ainda vêm terrores, ânsias, desespero...A maior parte das criatures não só se ignoram como não passam nunca da camada superficial."

Raúl Brandão in Húmus

4 Comments:

Blogger José Pires F. said...

Retrato correcto do ser humano, que espelha bem e em enormíssima percentagem, este animal que somos de poucas virtudes e muitos defeitos, mas que acredito querer aperfeiçoar-se e para os quais está reservado um futuro excepcional.

11:53 AM  
Blogger merdinhas said...

Raul Brandão. Além de uma escolha que, por vários motivos, me agrada lembrei-me de uma animação, aquela do bonequinho verde, o Schrek...somos como as cebolas...às camadas...

2:53 AM  
Blogger celso serra said...

E são as, camadas, mais profundas que mais apetece conhecer...

4:38 AM  
Blogger Meia Lua said...

Ouvi uma vez alguém dizer que para se conhecer realmente alguém era preciso dar-lhe poder.
beijinho

12:38 PM  

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