Kuduro versus Dubstep

A companhia da noite já estava garantida. Sabia-se que as voltas iam ser muitas e o resultado o de sempre. Na luta, contra a insónia, o corpo opta pelo cansaço até cair. O desnorte e a aceleração conduzem ao Ateneu para assistir ao “combate” entre o Kuduro progressivo dos Buraka Som Sistema e o Dubstep dos Digital Mystikz vs. Loefah feat. MC Sgt.Pokes. O ambiente começa a ser aquecido por Selecta Lexo.Uma figura no meio da sala vazia, no melhor estilo rasta, vai evoluindo e na sua solidão, não sabe que solitários somos muitos. A cabeça não pára. O corpo mal responde ao que absorve. Não se procura a palavra. Já tinham sido muitas horas com Carl Hancock Rux, aqui. O som do dub não costuma deixar o corpo estático. Aos poucos, a sala vai-se compondo e, com o Dubstep dos Digital Mystikz com MC Sgt.Pokes na voz, agita-se. A electricidade está no ar. Os homens sabem o que fazem. Dado o estado do corpo, “anestesiado”, a cabeça vai absorvendo e vai-se dando conta, em profundidade, das subtilezas e fragilidades do Dubstep. Sem se dar por ela os corpos à volta já se movimentavam e ocupavam posição. MC Sgt.Pokes anuncia: from Portugal- Buraka Som Sistema. A esperança de agora ser abanado renasce.A urbe agita-se. E os Buraka atacam. Petty entra em palco e o delírio é grande. Barulho é o que se pede ao público. O público responde. Os corpos não param e o espanto parece vir do palco. O “massacre” e a provocação são constantes. Uma tentativa de atacar o “Hino” Yah falha. A segunda também. Barraca! Fizeram-nos assim - diz Petty. Uns de uma maneira outros de outra- pensa-se. À terceira é de vez. Do Baleizão à Maianga, Mussulo, nomes bem conhecidos. Tanta fúria e vontade. Deste lado só se queria o aquecimento do gelo interior. O Kuduro progressivo empatou com o Dubstep. A insónia voltou a ganhar.