Henri Michaux in O retiro pelo risco/ Antologia poética- FENDA
Thursday, December 29, 2005
É um sonho de dia, que foi sempre o meu sonho, o sonho que, sem que a gente durma, se apresenta, atraído pela indolência, pelo gosto do deixa-andar, do deixa-vir, do balanceio e do embalar do ser.
Henri Michaux in O retiro pelo risco/ Antologia poética- FENDA
Henri Michaux in O retiro pelo risco/ Antologia poética- FENDA
Monday, December 26, 2005
Thursday, December 22, 2005
Monday, December 19, 2005
"Status e honra"
Se por um acaso alguém tivesse a ideia de extirpar um milímetro de qualquer orgão ou parte do meu corpo com a argumentação de mais "status e honra", acredito que mandava o status e a honra para um sítio pouco honroso. São várias as explicações para a ablação clitoriana.Elas são de ordem religiosa, antropológicas e outras. Tudo pode ser explicado. Nem tudo me parece ser justificado. As clitorectomias realizadas, sem anestesia e em condições de assepsia nulas, têm como objectivo "dar status e honra" às mulheres. Aquele acto, consciente e premeditado de limitação do prazer e da condição feminina, faz parte de um ritual em que tanto o clitóris pode ser amputado totalmente, ser cauterizado com um ferro em brasa ou ser cortado o nervo clitoriano. É um acto que marca as crianças não só pela dor ou infecções mas que objectivamente as priva do prazer. Estas consciências são mais perigosas que qualquer arma de destruição massiva! Todo o prazer é negado.
Sunday, December 18, 2005
Frio!Tudo parece parar. As mãos frias arrefecem o corpo quente. Transmite-se o gelo quando só se queria ajudar a aquecer. O gelo queima o interior do corpo parado. Todo o movimento é em direcção ás chamas. Arder e queimar a dor. As cinzas, também, vão estar frias.
Thursday, December 15, 2005
Entre quase lágrimas e alguns sorrisos...
Às vezes me volta esse pensamento: ando perdido no mundo, na imensidão duma profunda madrugada: minhas estórias onde procuro morrer fosse um louva-deus nos actos carnais do amor:atrevimento de morte, estória e tristeza no acabar de contar.Te pus, te ponho: os olhos brilham mais é na escuridão; pirilampo espera noite pra ser alguém; peixe fica seco é dentro d'água, fora dela é que ele transpira de morte; etecetera, muadiê, pra te dizer: de noite é que perco a vergonha de ser eu mesmo e abro as torneiras do imaginado: meu coração de ser assim, contador.Pouca inventice, transformo só o material pra lhe dar forma, utilidade. O artista molha as mãos pra trabalhar o destino do barro? Eu molho o coração no álcool pra fazer castelo das areias em cima das estórias..., e o mô espelho são as madrugadas.
Uma noite, quantas madrugadas tem? Andas a contar? Eu não.Lhes apanho só, conforme lhes vejo e sinto. Atrevo: uma só noite tem bué de madrugadas; cada uma dessas madrugadas tem bué de brilhos. Confesso-me aqui, nos lábios da sinceridade: gosto muito disso- acreditar no impossível das palavras, lhes maltratar no português delas, ser livre na boca das estórias e me deixar tar aqui, sentado dentro de mim, abismático. E sonhar!,sonhar até chegar nesse quintal onde dentro de mim nascem barulhos e não só: nascem brilhos.Vejo búzios que riem à toa e aprendo: posso descansar as vozes como se fossem conchas de pousar na areia depois de lhes apanhar numa noite de lua brilhante.Depois do barulho das vozes os búzios se calam e eu, no respeito, me calo também.
Sabes, muadiê, aí sobram só as calmarias da noite.É aí que logo-logo começam a rebentar devagarinho os brilhos, os brilhos da madrugada. Falei ou disse?
Ondjaki in Quantas madrugadas tem a noite
Uma noite, quantas madrugadas tem? Andas a contar? Eu não.Lhes apanho só, conforme lhes vejo e sinto. Atrevo: uma só noite tem bué de madrugadas; cada uma dessas madrugadas tem bué de brilhos. Confesso-me aqui, nos lábios da sinceridade: gosto muito disso- acreditar no impossível das palavras, lhes maltratar no português delas, ser livre na boca das estórias e me deixar tar aqui, sentado dentro de mim, abismático. E sonhar!,sonhar até chegar nesse quintal onde dentro de mim nascem barulhos e não só: nascem brilhos.Vejo búzios que riem à toa e aprendo: posso descansar as vozes como se fossem conchas de pousar na areia depois de lhes apanhar numa noite de lua brilhante.Depois do barulho das vozes os búzios se calam e eu, no respeito, me calo também.
Sabes, muadiê, aí sobram só as calmarias da noite.É aí que logo-logo começam a rebentar devagarinho os brilhos, os brilhos da madrugada. Falei ou disse?
Ondjaki in Quantas madrugadas tem a noite
Wednesday, December 14, 2005
Nestes dias, em que nem a noite salva, são inúmeros os títulos que circulam como a dar asas para qualquer lugar. Títulos de livros, filmes ou músicas. Há quem roube títulos, há quem os transforme e quem os acaricie. Ao olhar para lado nenhum, O livro do desassossego aparece para logo deixar aparecer Viagem ao fim da noite. Intimidade é o que se procura e já A nossa necessidade de consolo é impossivel de satisfazer, vai ressoando implacável. Eraserhead desfoca a imagem que Disponível para amar teima em marcar. Should i stay or should i go? Já só apetece De novo as sombras e as calmas...
Monday, December 12, 2005
No mercy
Mais uma vez, a morte. Sem perdão. Não há uma segunda hipótese, para viver, mesmo que a vida agora seja tão diferente. Stanley Williams fundou e viveu com o gang Crips. Escreveu livros infantis sobre a vida num gang. Procurou ser exemplo para quem corre o risco de seguir o mesmo caminho. A morte será a sua redenção.
Stanley Williams
Stanley Williams
Wednesday, December 07, 2005
Campeões da irrelevância
São cada vez mais as vozes que dizem ser irrelevantes os debates entre candidatos na altura das eleições. O que dizem e como se movem é banal. A irrelevância parece ter afectado o país como peste, o desejo da irrelevância parece ser cada vez maior. Ora se pretende fazer o maior bolo rei do mundo- em quantos países do mundo há esse bolo? Ora se "ergue" majestosa a maior árvore de natal do mundo, ora se serve a maior caldeirada do mundo e um sem fim de irrelevâncias que tornam este país campeão, muitas vezes, da irrelevância. Assim continuando, de irrelevância em irrelevância, vai o pagode palmas batendo e dando vivas aos seus campeões. Até quando? Talvez até ao momento que de tão acentuada irrelevância o país deixe de ser relevante.Nesse momento passará a ser para o mundo um país que em tempos foi relevante.
Monday, December 05, 2005
Um presidente para este "reino"
Algo vai mal e não estamos no reino da Dinamarca. Candidatos presidenciais não faltam e nenhuma das sugestões aqui apresentadas fazem parte da lista. O estranho é só cinco serem apresentados e terem direito a "falar" ao público televisivo. Que igualdade de tratamento é esta? excepção feita a Garcia Pereira e Manuel Vieira os outros mal se sabe o nome. Uns professores catedráticos em Évora ou Braga outros advogados e pouco mais se sabe deles.Porquê? São pura e simplesmente silenciados pela máquina do poder estabelecido. Não é esta a ideia de democracia que nos foi transmitida ao longo dos tempos.É a esta prática que assistimos ao longo dos anos. Não estamos no bom caminho. " Os cinco" vão debater!Nada de novo se espera. A intervenção de outros candidatos poderia trazer algo de interessante aos debates ou talvez não. Outra perspectiva, assuntos menos batidos e mal debatidos. Ficaremos sem saber. À comunidade "bloguista" aqui vai uma proposta de um movimento de apresentação de um candidato com eleição reconhecida no "reino da blogosfera". Apresentem-se candidatos, manifestos e discutam-se questões pertinentes à margem do circo dos cinco: Vale a pena ter presidente? Aos candidatos não se deveria exigir leituras obrigatórias e comentadas? Outras mais haverá.
Aqui vão as primeiras propostas para candidato ao nosso "reino": China blue e Vagabundo.